A empresa Aurantiaca, instalada no município baiano de Conde, a 200 km de Salvador, fabrica biomantas desde o começo do ano. Fundada em 2010, tem hoje 1.200 hectares de coqueirais divididos em três fazendas, de onde sai o material para a produção de 350 mil m² de biomantas por mês.
Em terrenos com solo desprotegido, sem vegetação, a biomanta cumpre o papel das folhas acumuladas no chão das florestas, protegendo as plantas que começam a brotar.
"Sem a biomanta, as empresas chegam a lançar as sementes quatro vezes nos taludes [barrancos], até que as plantas germinem. Com a biomanta, só é preciso lançar uma vez", diz Roberto Lessa, vice-presidente da Aurantiaca. Ele afirma que já investiu R$ 270 milhões nas plantações e na fábrica, onde também deverá passar a produzir água de coco em 2014.
Biomantas são feitas a partir de cocos colhidos após 12 meses no pé
De acordo com Lessa, para produzir a matéria-prima para biomantas, os cocos são colhidos ao atingir 12 meses, quando ficam secos.
Os frutos vão então para uma máquina que retira a casca e separa as fibras, que são organizadas em fardos. Esses fardos vão para uma espécie de tear, que os transforma em rolos de biomantas de 50 m² . O metro quadrado é vendido, na média, por R$ 3.
A biomanta pesa de 300 a 800 gramas por metro quadrado. As mais leves são usadas para cobrir barrancos ao redor de estradas, por exemplo, para impedir que a terra deslize com chuvas enquanto a vegetação cresce.
As mantas mais pesadas e grossas são usadas para impedir o crescimento de ervas daninhas ao redor de árvores, como é feito no próprio coqueiral da Aurantiaca.
Empresa desenvolve sistema de código de barras para monitorar coqueiros
A Aurantiaca planeja aumentar sua plantação dos atuais 1.200 para 1.600 hectares de coqueiros --80% da variedade anão verde de jequi-- até o final deste ano. A meta para o final de 2014 é chegar a 2.400 hectares plantados, que deverão fornecer matéria-prima para biomantas e água de coco.
Para acompanhar o crescimento das árvores, a empresa investiu R$ 100 mil num sistema informatizado que atualmente coleta e armazena os dados de 10% do coqueiral. Cada coqueiro recebe uma plaquinha com código de barras que dá acesso às informações daquela árvore, como a quantidade de cocos produzida a cada temporada.
"Daqui a 15 anos, se você quiser saber qual foi o coqueiro que mais produziu e o que menos produziu, você consegue", afirma Lessa. Cada coqueiro vive cerca de 30 anos e produz uma média de 230 cocos por ano, cada um com peso de 1,5 kg a 1,7 kg, informa o executivo.
Para adubar as 1.200 árvores, a empresa usa um sistema chamado de "fertirrigação". Uma vez por mês, os fertilizantes necessários para o desenvolvimento das plantas e das frutas são misturados na água usada na irrigação, que chega até os coqueiros por um sistema de mangueiras.
Construtora usa biomantas para barrar deslizamento de morro na Bahia
É com 120 mil m² de biomantas de 300 gramas por metro quadrado que a construtora Cowan espera manter firme o topo de um morro de 40 metros de altura, que pode ser visto a partir de qualquer ponto da cidade de Camaçari (BA), a 41 km de Salvador.
O trabalho é parte de uma obra de drenagem do rio Camaçari. "Usamos o material para impedir o deslizamento do solo com a chuva para dentro do rio ou sobre uma pista e um bairro que estão do outro lado do morro", afirma o gerente de compras da Cowan, Philipe Souza de Jesus.
A ideia é que o tapete de fibra de coco segure o morro de argila e areia enquanto a vegetação cresce através da biomanta por cerca de 2,5 anos. Nesse meio tempo, a manta deve se decompor e ser absorvida pela terra.
Segundo Roberto Lessa, da Aurantiaca, a técnica já é bastante popular na Europa e nos Estados Unidos, que importam biomantas principalmente do Sri Lanka.
A biomanta também é usada há alguns anos no Brasil. A Deflor, empresa com sede em Belo Horizonte (MG), afirma que produz biomantas de forma semiartesanal desde 1990 e, com técnicas industriais, desde 1997.
"O uso vem crescendo, porque, num país tropical, em que chove muito, é preciso proteger o solo até que a semente se desenvolva", afirma o diretor da Deflor, Aloísio Rodrigues Pereira.
Fonte: UOL
Fotos: Cowan
Aguinaldo Silva
Aurantiaca / Divulgação
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