quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Monsanto investe além da semente no Brasil.

A agricultura do futuro não exige apenas uma boa semente, mas todo um conjunto de tecnologias complementares. Adepta dessa visão, a multinacional Monsanto, líder mundial em biotecnologia, partiu também para as áreas de equipamentos agrícolas processadores de dados e de clima, comprando empresas ligadas a esses setores.
O objetivo é fornecer um pacote completo para os produtores, buscando um aproveitamento maior da área semeada e uma produtividade mais elevada. A empresa já está colocando em teste o sistema no Brasil, o qual será oferecido aos produtores a partir da safra 2016/17.
"Estamos saindo da visão ampla da agricultura para o micro e fazendo ensaios em Mato Grosso", diz Rodrigo Santos presidente da empresa no Brasil.
Líder mundial no setor de biotecnologia, a empresa já tem aprovados investimentos diretos de US$ 300 milhões no Brasil nos próximos dois anos. Tendo como carros-chefe soja, milho e algodão, a empresa não descarta parcerias em outras culturas sobre as quais não tem tanto conhecimento, como cana e trigo.


      Rodrigo Santos, 40 Anos de idade, presidente da Monsanto


Agricultura do futuro
É preciso tirar mais do solo, mas com sustentabilidade. Estamos testando uma tecnologia em Mato Grosso que lê o talhão de terra do produtor, faz recomendações de adubação, quantidade de sementes a ser semeada, profundidade do plantio e velocidade adequada da máquina durante o plantio.


Como funciona
A Monsanto fornece equipamento que é acoplado ao trator e, via iPad (no qual está o histórico do solo, clima e produção da fazenda), a leitura instantânea do solo é feita e são enviadas as recomendações adequadas para a plantadeira.


Compras
Para desenvolver esse novo equipamento agrícola e adequar o sistema de monitoramento de dados ao campo, a Monsanto comprou duas empresas nas áreas de desenvolvimento de equipamentos e de fornecimento de dados climáticos.


Ganho de produtividade
Ainda não há uma definição de resultados no Brasil, onde estão sendo realizados testes para soja e milho. Nos Estados Unidos, a produtividade no milho é de 315 kg a 630 kg por hectare.


Olhar novo
A nova agricultura sai de uma visão global de produção para um campo mais restrito, microscópico.


Ano marcante
Este ano (setembro/13 a agosto/14) será um período marcante para a empresa no Brasil. Os investimentos aprovados para modernização e aumento da capacidade de desenvolvimento de sementes e de proteção de cultivos totalizarão US$ 300 milhões nos próximos dois anos. Além disso, a empresa coloca cinco novas tecnologias no campo: uma em soja, duas em milho e duas em algodão.


Gestão
O grande diferencial será a gestão de dados. As máquinas terão de ser capazes de absorver as informações, de transformá-las em práticas adequadas e de maximizar a produtividade.


Parcerias
Essa nova visão do setor vai exigir parcerias para que a agricultura seja uma realidade. Nós entramos com a semente, com a biotecnologia, mas não vamos produzir a plantadeira, o que é feito hoje por empresas qualificadas.


Sem fusão
Serão necessárias apenas parcerias, e não haverá a necessidade de fusões de empresas. Somos uma empresa de semente e biotecnologia e queremos agregar essa plataforma de informação e de desenvolvimento a uma plataforma de serviço.


Em três anos
Precisamos desenvolver ensaios científicos durante pelo menos três anos. O produtor brasileiro terá o equipamento para a safra 2016/17.


Produtividade
A soja ainda exige muito investimento, e a produtividade, hoje estacionada em três toneladas por hectare, poderá atingir seis toneladas em uma década. É nosso objetivo.


Milho
O país já tem regiões com grande produtividade. O desafio é elevar a produção dessas regiões e trazer as demais, onde a produção é baixa, para esses patamares. Trabalhamos com meta de 13 t a 15 t por hectare.


Cana-de-açúcar
Estamos buscando parcerias nesse setor. Sabemos dos desafios a curto prazo, mas nossa visão é de longo prazo. O etanol vai ter um grande papel no país.


Trigo
Os investimentos em uma cultura são elevados e de longo prazo. Embora a produtividade desse cereal esteja estagnada, a complexidade do sistema de regulamentação mundial traz dificuldades em investimentos.


Aversão
Os investimentos no trigo foram retardados devido a uma aversão à biotecnologia nesse setor no passado.


Embate
Os embates entre a empresa e os produtores passaram. Há uma segurança para investimentos agora no negócio da soja. As discussões foram um marco importante.


Resquícios
Os problemas entre a empresa e produtores ainda não foram totalmente resolvidos, mas são poucos agora em relação ao que eram.


Para onde olhar
A empresa entende que entre os desafios estão o desenvolvimento de produtos resistentes ao pulgão, à seca, ao nematoide, à ferrugem da soja, bem como a criação de uma segunda geração de produtos de combate a lagartas.


Intacta
A nova semente de soja Intacta deverá ocupar de 5% a 7% da nova área de soja que está sendo semeada nesta safra.


Royalties
O valor recebido pela comercialização da Intacta ainda não compensará o que a empresa deixa de cobrar pela RR1, que representa 90% do total semeado no Brasil. Isso faz parte do negócio e o valor é recuperável no futuro.


Compensações
O valor do royalty pago pelo produtor para a nova soja Intacta, mais elevado, será compensado pelos menores custos de inseticidas utilizados na lavoura. Além disso, a produtividade é maior.


Ervas daninhas
Algumas, como a buva, são resistentes ao glifosato, e o produtor precisa fazer um manejo adequado com rotação de cultura e mudança de herbicidas.


Concorrência
Isso é bom para a agricultura brasileira e para as empresas. O meu time terá de trabalhar mais e ganhar a confiança do produtor com qualidade e serviço no campo.


Linha de frente
Além de a diversidade de produto ser boa para o produtor, não vamos estar isolados na linha de fogo na colocação de novos produtos, como ocorre hoje. Outros virão conosco.


RAIO-X: RODRIGO SANTOS

CARGO
Presidente da Monsanto


TRAJETÓRIA
Desde 1999 na empresa, já liderou a área comercial no Leste Europeu e desde 2011 ocupa a vice-presidência


IDADE
40 anos


FORMAÇÃO
Engenheiro agrônomo, formado pela USP


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